Sobre o Observatório
Introdução
O projeto de criação de um Observatório da Qualidade (OQ) surge do interesse da RIQUAL- Rede de Investigadores da Qualidade de estudar, quer a evolução das práticas da qualidade nas organizações em Portugal, quer a produção científica em Portugal e nas principais revistas a nível internacional.
Os proponentes apresentaram o conceito, os objetivos, e as motivações no XI Encontro da RIQUAL em 17 de setembro de 2021 na Universidade de Aveiro, com vista a obterem contributos para a sua melhor definição, mas também identificar vontades e interesses na sua implementação e desenvolvimento.
O OQ tem interesse para a RIQUAL no sentido em que permitirá acompanhar e caracterizar tendências de evolução do movimento da qualidade, ter acesso a dados relevantes de forma periódica, e complementar a investigação de estudos de casos com análises mais sistemáticas e longitudinais.
Parceiros com relevância no mercado nacional e eventual dimensão internacional são bem-vindos, permitindo reunir as melhores condições para que as entidades promotoras explorem as sinergias de várias perspetivas diferentes, mas complementares, por um lado, a visão de mercado e, por outro, a visão dos resultados da investigação.
A experiência de trabalho mais direto com as empresas e o mercado da qualidade, que os parceiros venham a acrescentar, pode enriquecer a informação recolhida e ser conjugada com a independência necessária e conveniente que investigadores independentes acrescentam.
A academia tem de assumir um papel específico que outros têm dificuldade (ou não podem mesmo fazer), designadamente: não fazer apenas a apologia de técnicas e métodos, mas principalmente analisar criticamente as suas bases teóricas, as suas aplicações e os seus resultados.
As entidades de mercado só têm a ganhar se as suas abordagens se basearem, não apenas na experiência e no conhecimento organizacional, mas também em informação tratada, técnica e cientificamente suportada.
Por outro lado, a inovação e a qualidade, partilham fases, com especial ênfase nas fases de desenvolvimento de produtos e serviços mais próximos do mercado. Mas, a inovação requer recursos e a gestão de riscos significativos.
A incerteza global nos mercados e os riscos podem ser reduzidos (ou é mesmo a forma mais eficaz de o conseguir) se os níveis de conhecimento estiverem mais elevados.
Todas as organizações precisam de deter competências capazes de promover e facilitar as transformações que os cidadãos e os mercados exigem dos agentes económicos e dos órgãos da administração pública. Contudo, com frequência não detêm todas as competências necessária à inovação, ou dito de outro modo, as organizações precisam de completar as suas redes internas de competências com outras redes externas.
Este Observatório da Qualidade permitirá que as diversas contribuições do conhecimento (I&D e as Teorias Metodológicas) se cruzem com as práticas organizacionais (Abordagens, Operações, Medida, Aprendizagem e Melhoria). A Figura 1 apresenta essa ligação entre as distintas componentes do conhecimento e das práticas organizacionais.
Figura 1 – Ligação entre componentes. Fonte: (Pires, 2019)
A apresentação do Projeto suscitou interesse e incentivos para a sua concretização, desde logo pela adesão de 4 novos investigadores.
Desde setembro que o grupo de trabalho tem vindo a progredir na conceção dos instrumentos de aplicação.
Abordagem metodológica
O Observatório utilizará e integrará informações existentes, nomeadamente noutros observatórios e/ou fontes de dados, por via da auscultação da forma alargada de entidades representativas de diferentes setores, por forma a disponibilizar periódica e permanentemente informação numa ótica de acompanhamento, com especial incidência na área da Qualidade e temáticas afins.
Relativamente à estrutura do OQ, este será dividido em duas partes:
- A Parte 1, ligada à Sociedade, pretende identificar práticas, procedimentos e tendências nas organizações, e terá como base essencial um questionário (já terminado) a ser preenchido pelas organizações.
- A Parte 2 ligada à Investigação e Desenvolvimento visa monitorizar a produção científica. Numa primeira fase, está a ser levantada a lista das teses de mestrado e de doutoramento concluídas em Portugal nos últimos 5 anos.
Numa segunda fase, proceder-se-á à monitorização e análise das publicações nacionais em revistas e em conferências mais representativas (ex.: TMQ, FORGES). A nível internacional, essa análise será limitada às revistas e conferências mais significativas (ex.: TQM&BE, QMOD, EISIC, ICQEM). Essa análise inicial surge no prosseguimento de estudos realizados sobre a Revista TMQ, as Atas dos Encontros da RIQUAL e a Revista FORGES (ver Referências).
Em relação à organização, o Observatório será gerido por uma comissão conjunta da RIQUAL e dos Parceiros, sendo os trabalhos acompanhados por um Conselho Consultivo.
Quanto aos princípios do Observatório, pretende-se:
- Utilizar e integrar informações existentes, nomeadamente outros observatórios e /ou fontes de dados com acesso livre (e.g. OCDE, Eurostat, GEM, COTEC, AICEP, INE, entre outros).
- Acordar indicadores com as entidades do Conselho, auscultando da forma alargada as entidades representativas dos setores e regiões.
- Não ser exaustivo, mas ilustrativo, com o detalhe adequado à realidade.
- Usar indicadores internacionais (a existirem) para permitir a adequada comparação, sem prejuízo de serem também calculados outros de interesse específico de setores e ou regiões.
- Permitir a Investigação aberta.
Conclusões
O Observatório responde a necessidades identificadas na comunidade e vem preencher um espaço específico, disponibilizando um conjunto alargado de informação sobre tendências relevantes no mercado e na investigação.
A conjugação destas duas componentes é uma forma inovadora de realizar um Observatório, que quanto se julga saber nunca foi tentado.
Alguma da informação já existente e já disponibilizada pode vir a ser valorizada e eventualmente integrada no Observatório.